Entre as mais ilustres personalidades que, na sua história, se relacionaram com Paranhos, urge destacar os seguintes nomes:
Júlio Dinis
Joaquim Guilherme Gomes Coelho, que usou o pseudónimo de Júlio Dinis, nasceu no Porto, em 1839, e faleceu na mesma cidade, na Rua Costa Cabral, numa casa que já não existe, a 12 de Setembro de 1871. Júlio Dinis era filho de José Joaquim Gomes Coelho, cirurgião, natural de Ovar, e de Ana Constança Potter Pereira Gomes Coelho. O escritor frequentou a escola primária em Miragaia. Aos catorze anos de idade, concluiu o curso preparatório do liceu, tendo seguido os estudos na Escola Politécnica. Em 1861 termina o curso na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, com alta classificação. A sua saúde sempre foi débil, pelo que se viu obrigado a passar temporadas em Ovar e na Madeira. Era nesses retiros que se dedicava à literatura. Com trinta e dois anos morre vítimado pela tuberculose, doença, que já havia vitimado a mãe e todos os seus oito irmãos.
O romance «As Pupilas do Senhor Reitor» foi publicado em 1869, tendo sido representado, cinematizado e publicado em folhetins do Jornal do Porto. Um ano antes, tinha sido dado a público «Uma Família Inglesa» e, em 1870, veio a público «Serões da Província» [2].
No ano do seu falecimento, 1871 (com apenas 32 anos de idade), publicou-se o romance «Os Fidalgos da Casa Mourisca». Só depois da sua morte se publicaram «Inéditos» e «Esparsos», em dois volumes, assim como as suas «Poesias», dadas à estampa entre 1873 e 1874. Quanto à forma, é considerado um escritor de transição entre o romantismo e o realismo. Júlio Dinis, grande escritor do século XIX, que viveu no n.º 323 da Rua de Costa Cabral. Faleceu em 1871.Entre outros romances, foi o autor de Uma Família Inglesa.
Augusto Lessa
Augusto Lessa, professor e director da antiga escola n.º 36.
Gomes Teixeira
Gomes Teixeira, matemático, professor e Reitor da Universiadade do Porto. Natural da freguesia, viveu no n.º 148 da Rua de Costa Cabral.Faleceu no ano de 1933.
Júlio Ramos
Júlio Gonzaga Ramos nasceu na freguesia da Sé, no Porto, em 21 de Julho de 1868. Foi registado como filho de António Caetano Ferreira e de Maria Preciosa de Sousa, embora fosse filho natural de David Ramos, descendente de uma casa abastada de Guilhabreu, Vila do Conde. Em 1882 matriculou-se na Academia de Belas-Artes do Porto, onde foi aluno de João Correia, Marques de Oliveira, Soares dos Reis e Geraldo Sardinha. Findo o curso, continuou os estudos em Paris como bolseiro do Estado português (1891-1897). Durante a estadia, frequentou a École des Beaux-Arts e o atelier de Julien, tendo tido por mestres Jean Paul Laurens, Benjamin Constant, Jules Breton e Loys Valteil. Expôs no Salon por duas vezes (em 1896 e em 1897) e teve a companhia de António Nobre, para quem veio a ilustrar, com Júlio Brandão, a segunda edição da obra "Só" (1898).
Em 1897 regressou a Portugal para se dedicar à pintura, em particular às paisagens do Ave e do Lima. Em paralelo com a pintura leccionou na Escola Industrial Faria Guimarães (actual Escola Artística de Soares dos Reis) entre 1923 e 1938 e recebeu alunos de pintura no seu atelier portuense, da Rua do Campo Lindo, localizado nas proximidades da casa que habitou. Foi cenógrafo e tocador de violão na Sociedade Dramática d'Amadores da Cidade do Porto. Faleceu em 1945, com 77 anos, no lugar de Freixo, freguesia de Guilhabreu.
Óscar da Silva
Óscar da Silva Corrége Araújo nasceu no Porto, (na Rua de Costa Cabral), a 21 de Abril de 1870. Iniciou os estudos na área da música aos onze anos, altura em que compôs a sua primeira peça, “Hino Infantil”. Começa a frequentar o Conservatório Nacional com 14 anos e, em 1891, apresenta-se como pianista. No ano seguinte recebe uma bolsa de estudos da Rainha D. Amélia e vai estudar piano e composição para o Conservatório de Leipzig. Na cidade alemã prossegue estudos com Clara Schumann, viúva do compositor alemão Robert Schumann. Parte para o Brasil em 1930, onde vive cerca de 20 anos, regressando a Portugal a convite de António Salazar. Em 1935 vê grande parte da sua obra publicada e é condecorado com a Ordem de Santiago e Espada. Morre a 6 de Março de 1958 em Leça da Palmeira.
Horácio Marçal
Horácio António de Almeida Marçal nasceu e morreu no Porto. Profissional de comércio na cidade do Porto, atividade da qual se veio a reformar em 1982, foi um dos exemplos mais eloquentes do intelectual interessado e empenhado na busca da história do Grande Porto. Horácio Marçal, escritor da primeira monografia sobre uma freguesia do Porto, intitulada “S. Veríssimo de Paranhos – subsídios para a sua monografia”. Investigador e divulgador de enorme profundidade, da história e cultura regionais,o seu trabalho publicado ultrapassa, largamente, um milhar de artigos, entre prosa e poesia. Em 1928, iniciou a sua atividade literária no quinzenário académico Alma Lusa, não mais tendo parado no que respeita à investigação e publicação dos mais variados aspetos da cultura e história portuenses. Desde o Jornal de Notícias à revista O Tripeiro, são incontáveis os seus artigos.
Fernando de Castro
Fernando de Castro, (1889-1946), negociante, poeta, caricaturista e sobretudo coleccionador. De seu pai herdou sociedade numa firma comercial, com escritórios e loja na rua das Flores, no Porto. Sem gosto pelo comércio, actividade a que naturalmente estaria destinado o seu futuro, o tempo que passava no escritório ocupava-o em grande parte a desenhar e a escrever, tendo-nos deixado um número significativo de caricaturas, desenhos humorísticos e alguns livros publicados, em verso e em prosa, e também um manuscrito. Pode dizer-se que grande parte da vida a dedicou a coleccionar as peças com que decorou a sua própria casa, com o objectivo de nela criar um museu, onde estão reunidos um conjunto muito interessante de obras: pinturas do século XVI ao século XX, com destaque para a pintura naturalista dos séculos XIX-XX, escultura, quase que exclusivamente de carácter religioso, do século XVI ao século XIX, algumas peças de cerâmica, vidro e torêutica, mas sobretudo uma grande quantidade de talha, proveniente de igrejas e conventos, com a qual revistou praticamente todo o interior da sua habitação. É possível visitar a Casa Museu Fernando de Castro, na Rua de Costa Cabral, n.º716
Álvaro de Castelões
Álvaro de Castro Araújo Cardoso Pereira Ferraz, mais conhecido nos círculos literários por Álvaro de Castelões, foi o 3.º Visconde de Castelões, cujo título foi concedido por Decreto de 27 de Fevereiro de 1905 pelo rei D. Carlos. Nasceu no Porto a 1 de Abril de 1859 e faleceu na mesma cidade a 9 de Julho de 1953, embora residisse e passasse temporadas da sua vida na Quinta que possuía na freguesia de Castelões, concelho de Vila Nova de Famalicão.
Tirou o curso de Engenharia na Escola Politécnica de Lisboa, ingressando, pouco depois, voluntariamente, numa missão (expedição científica de Serpa Pinto) enviada a Moçambique, em 1889, tendo sido encarregado pelo ministro da Marinha de estudar o traçado de uma linha férrea que ligasse a parte alta à parte baixa do chire, sem prejudicar o percurso das cataratas, com a directriz de desviar, para aquele rio, a actividade do Niassa. Sucedendo o Ultimatum inglês, Álvaro de Castelões colocou-se à frente dum punhado de landins, travando o forte combate de Mupassa, sendo o inimigo destroçado. Daqui que, o Parlamento Português, na sessão de 15 Agosto de 1891, proclamado Álvaro de Castelões «Benemérito da Pátria». Foi Director-Fiscal do caminho-de-ferro de Mormujão, (Índia) Director das Obras Públicas da Índia e Director dos caminhos-de-ferro do Minho e do Douro.
Foi sócio honorário da associação dos jornalistas e Homem de letras do Porto e pertenceu à Sociedade de geografia de Lisboa. Fundou, colaborou e foi director, em parceria com Júlio Brandão, da revista Soneto Neo-Latino, assim como também colaboraria nas revistas, Nova Alvorada, Ilustração Moderna e na Revista de Portugal, esta sob a direcção de Eça de Queirós em 1892, com o artigo A Questão Colonial. Conviveu com João de Deus, Gomes leal, Marcelino Mesquita, Guerra Junqueiro, António Feijó, Gonçalves Crespo, João Penha, Campos Monteiro, entre outros.
António Bernardo de Costa Cabral
Costa Cabral, foi um político português que, entre outros cargos e funções, foi deputado, par do Reino, conselheiro de Estado efectivo, ministro da Justiça e Negócios Eclesiásticos, ministro do Reino e presidente do Conselho de Ministros. Defensor da Revolução de setembro de 1836, a sua conduta política evoluiu num sentido mais moderado e, depois de nomeado administrador de Lisboa, foi o principal obreiro da dissolução da Guarda Nacional. Durante o seu primeiro mandato na presidência do ministério, num período que ficaria conhecido pelo Cabralismo, empreendeu um ambicioso plano de reforma do Estado, lançando os fundamentos do moderno Estado português. Considerado um valido da rainha D. Maria II apesar das suas origens modestas, foi feito Conde de Tomar e depois elevado a Marques de Tomar. Foi uma das figuras mais controversas do período de consolidação do regime liberal, admirado pelo seu talento reformador, mas vilipendiado e acusado de corrupção e nepotismo por muitos. Foi obrigado a exilar-se em Madrid na sequência da Revolução da Maria da Fonte, mas voltaria poucos anos depois, demonstrando uma extraordinária capacidade de recuperação e persistência, a ocupar a chefia do governo.
Aurélio da Paz dos Reis
Aurélio Paz dos Reis, nasceu no Porto em 1862 e faleceu em 1931. Era um astuto comerciante dedicado à floricultura. Tinha um palacete fino no nº 125 da Rua de Nova Sintra em cujo jardim criava as suas flores. Explorava ele a «Flora Portuense» na então Praça de D. Pedro, mais tarde Praça da Liberdade. Era também fotógrafo amador e gostava de tirar retratos a gentes do teatro. Explorava a fotografia em relevo. O gosto pela imagem levou-o a explorar o negócio e começou a vender película da marca Lumière & Jougla. Foi um comerciante português, revolucionário republicano e maçom convicto, considerado o pioneiro do cinema em Portugal, por ter realizado e produzido o primeiro filme, A Saída dp Pessoal Operário da Fábrica Confiança.O chamadoKinematografo Portuguez– designação usada por Paz dos Reis para referir o cinematógrafo inventado pela família Lumière – foi apresentado em sessão pública no Porto, junto com outros onze «quadros», sete nacionais e onze estrangeiros, no Teatro do Príncipe Real, mais tarde chamado Teatro Sá da Bandeira, em 12 de Novembro de 1896. Eram filmes com a duração de cerca de um minuto.